sábado, 30 de janeiro de 2010

Descaso

Enquanto seguia com meu delírio, achava que era participativo
Você sussurando sempre que podia obscenidades em meu ouvido
E tudo aquilo se agravava de tal forma e tanto,
Na minha inocência deixava suas mãos em meu corpo -
puro encanto.
Na minha docilidade eu entendia que as palavras não morreriam
E o seu silêncio me corroeu a alma
e deixou em mim uma náusea -
morimbunda, que escorria pelas minhas mãos e veias
e aquilo foi me tomando de tal forma
que eu me dissolvia nas amarguras da modernidade.
O escuro, a poesia que antes enebriava e encantava -
um ponto.
Agora venho eu, com o olhar um tanto morto
a vagar pelos cantos,
com a minha solidão de sempre.
E o seu silêncio despertando a minha ira,
tomando meus poros,
e consumindo a doçura de outrora.
Lona de circo,
és a atração mor do picadeiro.
E lá estou eu na platéia,
cinicamente, amarga,
a sorrir do seu descaso.

4 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Ria mesmo, é a melhor maneira de se vingar do descaso.

GUINA disse...

Parabéns pelo conteúdo do seu blog. Viva a terra de Glauber Rocha!

Gisele Rocha disse...

Parece-me uma (in)direta para alguém!

Indhira A. disse...

Hahah Não é não,Gisa. É claro que tem pitadas de casos reais, isso é fato, mas não foi uma situação em particular. Foi, somente, um grito.