Enquanto seguia com meu delírio, achava que era participativo
Você sussurando sempre que podia obscenidades em meu ouvido
E tudo aquilo se agravava de tal forma e tanto,
Na minha inocência deixava suas mãos em meu corpo -
puro encanto.
Na minha docilidade eu entendia que as palavras não morreriam
E o seu silêncio me corroeu a alma
e deixou em mim uma náusea -
morimbunda, que escorria pelas minhas mãos e veias
e aquilo foi me tomando de tal forma
que eu me dissolvia nas amarguras da modernidade.
O escuro, a poesia que antes enebriava e encantava -
um ponto.
Agora venho eu, com o olhar um tanto morto
a vagar pelos cantos,
com a minha solidão de sempre.
E o seu silêncio despertando a minha ira,
tomando meus poros,
e consumindo a doçura de outrora.
Lona de circo,
és a atração mor do picadeiro.
E lá estou eu na platéia,
cinicamente, amarga,
a sorrir do seu descaso.
sábado, 30 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Boca da Noite
Tanta ternura naqueles olhos tristes,
Tanta candura naquele semblante,
Um tanto de pouco e um cadinho de muito.
Na boca da noite guardava segredos
que a seu coração partia.
E guardava seu canto de tristeza,
Dentro de um canto que não lhe cabia.
Na euforia, esquecia de derramar lágrimas
Enquanto manchava o azulejo.
Palavras veladas que não escondiam
Tristeza, medo, desejo.
Os olhos tristes que olhavam e gritavam
Enquanto sucumbia, silenciosamente -
Chuva que caía dentro de si.
Na porta que se fechou, ainda havia uma fenda
Na barra do vestido, tecido de renda,
Na água que apagou, a chama acesa.
Na visão cristalina da menina que lhe apareceu
Um lampejo, um ensejo, um despejo
Na ausência do que lhe partia,
Restara-lhe um beijo.
Naquela noite, não quisera despertar.
Lá, onde a alma morava,
Lá, lugar de vestígios,
Lá, onde ainda podiam ler-lhe os olhos,
Lá, naquela noite, a dor não vingara.
Tanta candura naquele semblante,
Um tanto de pouco e um cadinho de muito.
Na boca da noite guardava segredos
que a seu coração partia.
E guardava seu canto de tristeza,
Dentro de um canto que não lhe cabia.
Na euforia, esquecia de derramar lágrimas
Enquanto manchava o azulejo.
Palavras veladas que não escondiam
Tristeza, medo, desejo.
Os olhos tristes que olhavam e gritavam
Enquanto sucumbia, silenciosamente -
Chuva que caía dentro de si.
Na porta que se fechou, ainda havia uma fenda
Na barra do vestido, tecido de renda,
Na água que apagou, a chama acesa.
Na visão cristalina da menina que lhe apareceu
Um lampejo, um ensejo, um despejo
Na ausência do que lhe partia,
Restara-lhe um beijo.
Naquela noite, não quisera despertar.
Lá, onde a alma morava,
Lá, lugar de vestígios,
Lá, onde ainda podiam ler-lhe os olhos,
Lá, naquela noite, a dor não vingara.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Velho Novo Ano?
Desculpe-me se perdi algumas formalidades.
Não quero parecer um tanto rude, mas não encha minha caixa de emails com desejos de felicidades, nem me mande Receita de Ano Novo, do Drummond.
Não que eu não goste destes mimos.
Mas você teve todo o ano para me dizer tantas coisas!
E por que receber isso, afinal, ao término de todo ano?
365 dias e você me faz um agrado nos minutos que faltam para outro calendário.
Não preciso de receitas para um novo ano. Sequer consigo seguir minha agenda.
Preciso que me diga o que está ali, preso na garganta naquele dia em que nada deu certo pra você. Ou em um dia em que eu te liguei porque precisava da tua companhia.
Ou no dia em que ouvi uma música e te mandei, porque achei que se parecia contigo.
Então prometa-me que irá me abraçar quando tiver vontade. Que vai me enviar uma poesia sua, que você acabou de escrever. Que ligou porque se lembrou de mim. Que quer sair pra beber na segunda-feira. Que foi até o meu encontro só porque precisava me dar um abraço. Que precisa de companhia pra dar um grito em qualquer lugar ermo porque faltou ar. Que quer chutar o balde porque está cheio de tudo.
E eis que temos um novo ano. E vamos rasgar a receita, e colocar um pouco de tudo o que falta para dar mais tempero.
Deixar a poesia pra todo dia, e mudar os autores.
Cantar música nova, compor.
Pintar a parede de amarelo para espantar os dias cinzentos.
Planejar aquela viagem que combinamos todos os anos e que nunca sai.
Chegar sem avisar, sumir e sempre voltar. Partir e voltar com mais saudade.
Dizer que quer, agora, neste momento, pra já!
Escrever, apagar, reler, revisar, corrigir, desdizer, calar, por que não?
E não se entristeça se não te mandei uma mensagem no Natal, na Páscoa ou no Ano Novo.
É que são tantos dias em meu calendário pra estar contigo, que reservo-me no direito de guardar a minha alegria para você em dias anônimos.
Não quero um ano novo com cara do que passou.
Não quero mais do mesmo.
Quero me reservar ao direito de amar.
Amar rasgado, de todos os jeitos, formas, sabores e cores.
Me deixar amar.
Amor sentido na pele, que não se define. Amor que grita no peito, cheio de defeitos. Não esse amor patético da televisão ou das páginas de sites de relacionamentos.
Dias novinhos!
Dias com mais riso, dias de aprendizado, dias de mudar porque não precisa ser sempre igual.
Dias sem planos.
Dias de se permitir ser humano,
Carente, cansado, passional, abatido, sem rumo, mal amado, agressivo.
Por favor, não me mande receitas, nem siga as minhas. Reserve a agenda para as poesias, um dia pra se esconder, e outro pra me encontrar. Só não espere um ano novo pra isso.
Não quero parecer um tanto rude, mas não encha minha caixa de emails com desejos de felicidades, nem me mande Receita de Ano Novo, do Drummond.
Não que eu não goste destes mimos.
Mas você teve todo o ano para me dizer tantas coisas!
E por que receber isso, afinal, ao término de todo ano?
365 dias e você me faz um agrado nos minutos que faltam para outro calendário.
Não preciso de receitas para um novo ano. Sequer consigo seguir minha agenda.
Preciso que me diga o que está ali, preso na garganta naquele dia em que nada deu certo pra você. Ou em um dia em que eu te liguei porque precisava da tua companhia.
Ou no dia em que ouvi uma música e te mandei, porque achei que se parecia contigo.
Então prometa-me que irá me abraçar quando tiver vontade. Que vai me enviar uma poesia sua, que você acabou de escrever. Que ligou porque se lembrou de mim. Que quer sair pra beber na segunda-feira. Que foi até o meu encontro só porque precisava me dar um abraço. Que precisa de companhia pra dar um grito em qualquer lugar ermo porque faltou ar. Que quer chutar o balde porque está cheio de tudo.
E eis que temos um novo ano. E vamos rasgar a receita, e colocar um pouco de tudo o que falta para dar mais tempero.
Deixar a poesia pra todo dia, e mudar os autores.
Cantar música nova, compor.
Pintar a parede de amarelo para espantar os dias cinzentos.
Planejar aquela viagem que combinamos todos os anos e que nunca sai.
Chegar sem avisar, sumir e sempre voltar. Partir e voltar com mais saudade.
Dizer que quer, agora, neste momento, pra já!
Escrever, apagar, reler, revisar, corrigir, desdizer, calar, por que não?
E não se entristeça se não te mandei uma mensagem no Natal, na Páscoa ou no Ano Novo.
É que são tantos dias em meu calendário pra estar contigo, que reservo-me no direito de guardar a minha alegria para você em dias anônimos.
Não quero um ano novo com cara do que passou.
Não quero mais do mesmo.
Quero me reservar ao direito de amar.
Amar rasgado, de todos os jeitos, formas, sabores e cores.
Me deixar amar.
Amor sentido na pele, que não se define. Amor que grita no peito, cheio de defeitos. Não esse amor patético da televisão ou das páginas de sites de relacionamentos.
Dias novinhos!
Dias com mais riso, dias de aprendizado, dias de mudar porque não precisa ser sempre igual.
Dias sem planos.
Dias de se permitir ser humano,
Carente, cansado, passional, abatido, sem rumo, mal amado, agressivo.
Por favor, não me mande receitas, nem siga as minhas. Reserve a agenda para as poesias, um dia pra se esconder, e outro pra me encontrar. Só não espere um ano novo pra isso.
Assinar:
Postagens (Atom)