Gosto das palavras.
Mantenho o hábito de degustá-las, mastigá-las, e, principalmente, absorvê-las.
Gosto de escrever sentindo o sabor de cada sílaba, de pronunciá-las, talvez, para sentir seu timbre.
Gosto de ler e reler algumas, como se não bastasse devorá-las avidamente.
Prefiro escrever a dizer.
É que as palavras têm um charme, um enlace, jogo de sedução indescritível.
Não, não mando recados.
Apenas lanço-as no ar.
Não sei como vai entendê-las,
Se é que as entende, nesse mistério entre o escrito,o não escrito e o subentendido.
Entre o que registro e o que faço você pensar.
Gosto de proferí-las, cantá-las, e até me deixar agredir por algumas delas.
Deslizo os dedos sobre o teclado ou as risco raramente sobre o papel.
Só sei que estão ali, comigo, todos os dias.
E quando as dirijo a você, partilho pedaços do que me dissolve.
E se não lhes devolvo, é porque só te deixo o meu descaso.
São nelas, as palavras, onde me recolho.
Me salvo.
Me calo, ou me deixo gritar.
Viajo, me espalho, me estranho, me entrego.
Me curo.
É quando ultrapasso qualquer frivolidade,
Para me perder em lugares altamente sedutores,
Febris, voluptuosos, ingênuos, passionais...
Proferida, ao pé do ouvido, é como folha no Outono.
Composta, transcrita, redigida, ultrapassa quatro estações.
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