quinta-feira, 28 de maio de 2009

Acaso

Procuro inspiração para essa página em branco.
Procuro e vem você em meus olhos.
Do jeito que fala poesias,
E traz alegrias
Pros dias tristonhos.
Com esse seu jeito cabreiro, cabelo maneiro e ar descolado.
Nossas conversas nunca beiram ao tédio.
E caso acabe o assunto, uma boa risada ainda é o remédio.
Capaz que o tempo passe e a poesia se apague com o pensamento.
E você não vai encontrar o meu texto,
Apenas pretexto para lhe falar.
Me traga o teu violão, que eu trago a canção para musicar.
Eu junto minha letra com a tua, em dia de lua, para clarear.
O resto a gente conversa, não há que ter pressa,
Mas pra que esperar?
Encontro é obra do acaso -
Se eu não te conto que fui te encontrar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ideologia hipócrita

Na faculdade ele era um revolucionário com sua camisa do Che.
Participava de movimentos estudantis,
Combatia os pensamentos capitalistas mais vis .
Defendia a democratização da comunicação, a rádio poste, os movimentos sindicais
Visitava acampamento dos sem-terra e pra ele eram os amigos mais legais.
Depois ele arrumou uma namoradinha burguesinha, por assim dizer
Abandonou a calça rasgada, o cabelo desgrenhado, a camisa do Che.
Não disse muita coisa, afinal, o que havia pra dizer?
Estava apaixonado, achou lindo esse modo de viver...
Acabou a faculdade, ele deixou de ser genial.
Diploma debaixo do braço, precisava de um emprego, etc e tal.
Não havia justificativa para sua conduta,
Mas pra que justificar, o tal do Karl Marx não era um burguesinho filho da puta?
Ainda havia chances pra ele se redimir.
Só havia um jeito de alimentar os pobres e seu destino cumprir.
Não quis mais dar satisfação ou ser socialista,
Guardou o diploma na gaveta, se candidatou a um cargo público
E foi ser petista.

sábado, 9 de maio de 2009

Ausência

Não estava escrito no horóscopo velho que eu li.
Nem nas palavras absurdas que a cigana me falou.
Nem nos devaneios mais loucos da amada avó.
Muito menos nos olhares lascivos que me lançavam.
Não estava escrito no meu livro da vida,
Que, como todos sabem, fica em um cantinho empoeirado do céu.
Não estava em minhas veias e eu sequer sentia.
Nunca apareceu em meus sonhos.
Talvez fez parte de mim em outra vida.
Ou participou das cenas do filme insano que criei pra mim.
Não estava nas páginas de jornais, nem no outdoor estragado pela água da chuva.
Nem no sorriso do menino que brincava com bolinhas de sabão na calçada.
Talvez eu sentisse nos acordes da música,
Porque na letra - também não estava.
Não estava nas minhas poesias,
Ainda,
Não estava.