domingo, 26 de abril de 2009

Miscelânea

Tenho vivido muito, e tão pouco!
Tenho passeado em relatos de vidas tantos
E às vezes tenho a sensação de que estou mais perto de Deus.
Quero resolver seus problemas.
Quero denunciar, colocar o dedo na ferida, espalhar pra quem quiser e não quiser ouvir.
Quero ser artista.
Volta e meia danço em frente ao espelho tomando meus goles de vinho.
Tenho medo das aproximações que não dizem a que veio.
Se me alfineta, saiba que em nada me afeta - você disse o que mesmo?
Sinto um aperto no peito quando me conta que está triste.
Adoro aquele que só irradia luz por onde passa -
Às vezes me esmero em captar seu brilho.
Adoro seu sorriso tímido de quem está louco pra me dar um abraço.
Quero oferecer meu colo em seu cansaço.
Voar com você, subir, subir.
Tenho vivido demais, vidas não tão minhas.
E durmo feliz quando sei que te plantei um sorriso.
Ando em caminhos não tão meus,
E amo voltar pra casa, em um dia cansado,
Te deixo meu nome, e meu telefone
Talvez não me ligue, nem deixe recado,
Mas eu irei atrás de você até o fim.
Agora eu sei, tens uma luz e eu também.
E rezo todos os dias pra poder irradiá-la tão grande
quanto a felicidade descabida que carrego em forma de sol e sorriso.
Quero o dom, o tom, a cor.
Quero você comigo.
E podes segurar minha mão...
Se pensas que te guio, engana-se.
Me carregas, junto contigo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desejo

Era noite, chovia.
Uma música lenta soava pelos meus ouvidos
Eu me enebriava em cada acorde, sozinha.
Tantas palavras a serem ditas,
Mas o silêncio e os olhos nos olhos diziam tudo.
Portas d´alma!
Fechei os meus, porque não queria ouvir aquele discurso absurdo.
O som das palavras proferiam amenidades que não queriam estar ali.
Me vinha do passado o choro mudo,
A vontade de correr o mundo
O rasgo no peito que não queria sair,
Uma presença que teimava em não partir,
Minha mão trêmula que desejava descontar fisicamente a dor que me sangrava.
O golpe do meu braço foi interrompido.
Seu olho lia minhas ações previsíveis e impulsivas
Odiava o modo como me conhecia.
Me perturbava a água que caía lá fora
Porque desaguava igual dentro de mim.
Corri, como quem se esconde
Sua presença insistente teimava em me seguir.
Relutava e fechava os olhos para que fugisse de mim.
Mas você ainda me lia, e estava ali.
A música tocava mais alto,
Um arrepio percorreu meu corpo,
Seus olhos pararam de me dizer coisas.
Eternizou meu pecado,
Em um beijo consentido, no batom que tiraste da minha boca,
E puseste colocado na sua.
Silêncio.
Minhas mágoas se calaram no calor de um desejo súbito,
Em um orgulho ferido mudo,
Em mãos que percorriam nervosas o meu corpo,
Na chuva que cessou com o calor dos seus lábios,
No sussurar de palavras que nunca foram entendidas,
Em um universo de sabor inexplicável,
Em um desejo ardente, insuportável
Mágico,
Incontrolável,
Único, vazio.